Quero entender

“Quero entender”, explicava H. Arendt

 
 numa entrevista de 1964. A escrita da História deve ajudar a encontrar sentido e, mais do que isso, a estar no mundo. Onde estão as experiências? Nas histórias, naquilo que contamos. A Literatura há-de partir dessa questão. Para além do uso cognitivo que se lhe atribui, a Literatura tem por função essencial fazer memória, testemunhar, criar mundos, falar daquilo que não se pode dizer, nem que seja com o recurso do eufemismo. A literatura, a arte tem convivido com duas posições insuportáveis: “No se puede mirar” escrevia Goya por baixo da gravura que mostra um fusilamento. E logo por baixo de outra gravura: “Eu vi”. O “dever da memória” obriga a testemunhar daquilo que os nossos olhos viram, dizendo-vos ao mesmo tempo: “Isso é insuportável ao olhar”. E o que farão, entre outros, M. del Castillo e E. Wiesel. Os poetas estão na brecha. B. Brecht ajudou a entender que lugar devem ocupar os poetas em tempos obscuros. Kafka contou-nos por antecipação aquilo que a modernidade ia trazer de mais destrutivo: a maquina. Orwell enfrentou o totalitarismo e os regimes ditatoriais da época.